Uma tradição sem legado
É uma situação recorrente em muitas comunidades: as gerações mais velhas proclamam o seu compromisso com a tradição e a integração dos jovens na herança cultural, ao passo que, na prática, estabelecem barreiras intransponíveis para a entrada dos mais novos. A contradição entre a retórica e a realidade é evidente, e não há melhor exemplo disso do que o CCRF.
As gerações mais velhas têm sido os guardiões autoproclamados das tradições culturais em Fornos. A sua retórica é repleta de afirmações apaixonadas sobre a importância da cultura local, da herança e da necessidade de envolver os mais jovens nesses preciosos legados. No entanto, no CCRF, as portas estão trancadas e o acesso para os mais novos é, por determinação da Direção, e contra os estatutos da associação que lideram, impossível. Inclusivamente, a Direção do CCRF parece, muitas vezes, considerar a participação dos mais jovens como uma ameaça à sua hegemonia.
É como se as gerações mais velhas estivessem a dizer: "Façam o que eu digo, não o que eu faço". A contradição é evidente, e a comunidade de Fornos não pode ignorá-la. Se a cultura e a recreação locais são tão valiosas como afirmam ser, é fundamental que as gerações mais velhas abram as portas do CCRF aos mais novos, dando-lhes espaço para expressar, revitalizar e enriquecer a herança cultural local.
O CCRF deve ser uma instituição inclusiva, onde todas as gerações se possam unir, aprender umas com as outras e celebrar a riqueza da cultura local. Negar isso é negar a própria essência da cultura e da tradição, tornando-as obsoletas em vez de dinâmicas e vivas. Chegou o momento de reconciliar a retórica com a prática e convidar os mais novos a participar plenamente na preservação e no desenvolvimento da cultura de Fornos.